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Risco do uso de β-bloqueadores em Cirurgia Não-cardíaca

[quote font=”verdana” font_size=”18″ font_style=”italic” color=”#3b81bf”]O tratamento anti-hipertensivo com β-bloqueadores em pacientes com hipertensão não complicada, pode estar associado à aumento do risco de evento cardiovascular grave e morte no perioperatório de cirurgia não-cardíaca. Esta foi a conclusão de um estudo conduzido pelo Dr. Mads E. Jørgensen e colegas.[/quote]

Os beta-bloqueadores (BB) não são mais medicamentos de primeira linha para o tratamento da hipertensão arterial sistêmica (HAS) não complicada, porque eles oferecem menos proteção contra acidente vascular cerebral do que outras classes de drogas — inibidores da ECA, BRAs, diuréticos tiazídicos e os bloqueadores dos canais de cálcio — além de aumentarem o risco de desenvolvimento de diabetes, especialmente quando combinada com um tiazídico.

Um novo estudo publicado na edição recente do JAMA de Medicina Interna sugere uma outra razão para que os beta-bloqueadores não sejam fármacos de primeira linha para a hipertensão não complicada: eles podem aumentam o risco de infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral e a mortalidade 30 dias após uma cirurgia não-cardíaca (de urgência ou electiva).

O estudo, tipo caso-controle, que teve como objectivo determinar o risco de eventos cardiovasculares maiores (IAM não fatal, AVC não fatal e morte cardiovascular) associado ao uso de beta-bloqueadores, em pacientes com hipertensão não complicada submetidos a cirurgia não-cardíaca, incluiu mais de 14.000 pacientes com HAS que receberam beta-bloqueadores e mais de 40.000 pacientes que não receberam (grupo controle). O enpoint ou desfecho primário foi analisado através de modelos de regressão logística multivariável e corrigido pelo NNH (Number Needed to Harm), o número de pacientes necessários para que o fármaco cause algum dano.

Após 30 dias da cirurgia não cardíaca, o endpoint primário (evento cardiovascular maior) ocorreu em 1,3% pacientes que usaram BB contra 0,8% dos controles (P <0,001). Os beta-bloqueadores apresentaram um risco maior quando combinados com os inibidores do sistema renina-angiotensina e com os bloqueadores doas canais de cálcio. O maior risco associado bloqueador beta foi encontrado em homens com mais de 70 anos de idade que submetidos à cirurgia de emergência.

O Dr. Ronald G Victor MD fez o seguinte comentário no portal Practice Update: “Este estudo tem todas as limitações de um estudo de registo e os dados não são tão fortes. Na análise de regressão logística multivariada, os intervalos de confiança de 95% para o odds ratio ajustada (para o resultado adverso) quase se sobrepõem com a linha de identidade para o grupo geral e claramente se sobrepõem para a grande maioria dos subgrupos. Assim, o estudo não resolve este tema controverso, que tem estado atolado com estudos anteriores que foram retraídos devido a fraude científica”.

Entretanto, os resultados do presente estudo não mudam as actuais recomendações para o uso dos betabloqueadores no perioperatório de pacientes hipertensos com doença coronariana conhecida, também não afectam as diretrizes actuais que já haviam eliminado o uso de beta-bloqueadores como terapia de primeira linha para a hipertensão arterial não complicada.

Especialidades: Cardiologia , Medicina Interna Palavras-chave: , ,

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