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BMJ: Claritromicina e risco de morte súbita

Foi realizado um estudo de coorte na Dinamarca, de 1997 a 2011, publicado pelo periódico British Medical Journal (BMJ), com o objetivo de avaliar o risco de morte cardíaca associada ao uso de claritromicina e roxitromicina. Os participantes foram adultos dinamarqueses, com idades entre 40 e 74 anos, que receberam ciclos de tratamento de sete dias com claritromicina (n=160.297), roxitromicina (n=588.988) e penicilina V (n=4.355.309).

O principal resultado foi o risco de morte cardíaca associada ao uso de claritromicina e roxitromicina, em comparação com o uso de penicilina V. Análises foram realizadas de acordo com sexo, idade, grau de risco e uso concomitante de drogas que inibem aenzima citocromo P450 3A, que metaboliza os macrolídeos.

frasco com medicamentos

Os resultados mostram um total de 285 mortes por problemas cardíacos. Em comparação com o uso de penicilina V (taxa de incidência de 2,5 por 1000 pessoas-ano), o uso de claritromicina foi associado a um risco significativamente aumentado de morte cardíaca (5,3 por 1000 pessoas-ano; proporção ajustada 1,76; intervalo de confiança de 95% 1,08 a 2,85), mas o uso de roxitromicina não foi associado ao aumento do risco (2,5 por 1000 pessoas-ano; proporção ajustada 1,04; 0,72 a 1,51). A associação com o uso de claritromicina foi mais pronunciada entre as mulheres [razão de taxa ajustada de 2,83 (1,50-5,36) em mulheres e 1,09 (0,51-2,35) em homens]. Comparado à penicilina V, a diferença de risco absoluto ajustado foi de 37 (intervalo de confiança de 95% 4 a 90) mortes cardíacas por um milhão de ciclos com claritromicina e 2 (-14 a 25) mortes cardíacas por um milhão de ciclos com roxitromicina.

Concluiu-se neste grande estudo que há um aumento significativo do risco de morte cardíaca associado ao uso de claritromicina. Não há aumento de risco observado com o uso de roxitromicina. Dado o amplo uso da claritromicina, estes resultados precisam de confirmação em populações independentes. Por isso, os pesquisadores salientam que este foi um estudo observacional e que não se pode excluir a existência de diferenças no risco de morte cardíaca subjacente entre os usuários de claritromicina e os usuários de outros tipos de antibióticos. Isto significa que os resultados devem ser confirmados em estudos independentes e de preferência em outras populações, antes de serem utilizados para orientar recomendações clínicas.

Especialidades: Cardiologia , Farmacologia , Infectologia Palavras-chave:

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